Meio Ambiente
Dia Nacional da Conservação do Solo: um convite à reflexão

Dia Nacional da Conservação do Solo: um convite à reflexão

Comemoramos hoje, dia 15 de abril, o Dia Nacional da Conservação do Solo. Ainda não é comum que o solo seja reconhecido pela população no geral como sendo um importante recurso natural, essencial para a produção de alimentos e, logo, para a existência da vida.

De acordo com a pesquisadora Isabella Clerici De Maria, do Instituto Agrônomo (IAC-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, “consideramos que o solo é um recurso natural não renovável e é um importante componente dos ecossistemas, regulando o ciclo da água. É também a base da produção agropecuária, por isso o controle da erosão é fundamental para a segurança alimentar da população e para o meio ambiente.”

Apesar de ser um recurso indispensável para nós, os solos sofrem, não somente no Brasil, mas no mundo, um processo constante de degradação, resultado do uso agrícola exacerbado, expansão urbana em larga escala, desmatamento, dentre outros fatores. No entanto, o principal fator de degradação dos solos é a erosão hídrica, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. De acordo com a pesquisa do IAC, a Organização internacional traz a seguinte estimativa: atualmente, a cada 5 segundos, cerca de 1 hectare de solo é erodido no mundo. Se continuarmos nesse caminho, 90% dos solos do mundo estarão degradados em 2050. 

Dia da Conservação do Solo e sua origem

No Brasil, o Dia Nacional da Conservação do Solo foi oficializado por meio do decreto de lei nº 7.876, de 13 de novembro de 1989.

A criação desta data foi uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

A escolha do dia 15 de abril é uma homenagem ao conservacionista norte-americano Hugh Hammond Bennett (1881 – 1960), considerado o “pai da conservação do solo” nos Estados Unidos e um modelo para todas as outras nações. Existem ainda outras datas destinadas a celebração do solo, como o Dia Internacional do Solo (5 de dezembro) e Dia Internacional da Mãe Terra (22 de abril).

Ciência como agente protetor para o ambiente e garantia da produção

A conservação dos solos é um desafio que passa por muitas esferas, sendo a pesquisa científica uma aliada essencial na busca por soluções que impeçam o avanço da degradação e a fomentar a recuperação massiva dos solos.

Importa dizer que o IAC foi uma das primeiras instituições a nível nacional que implementou experimentos de campo para medir a erosão, no final dos anos 40. Os dados obtidos desde então nas estações experimentais são utilizados para avaliação do efeito de culturas e sistemas de manejo no controle da erosão e na melhoria da qualidade do solo.

Por exemplo, esses dados demonstram a efetividade do uso do sistema de plantio direto para o controle da erosão e os prejuízos causados pelo emprego equivocado de implementos como grades e subsoladores.

Em contrapartida, mais recentemente, o IAC vem trazendo algumas inovações muito importantes para as pesquisas na área. O Instituto tem trabalhado para desenvolver técnicas que permitem avaliar a erosão dos solos a partir de imagens captadas por sensores embarcados em drones, não somente em lavouras, como em carreadores e estradas.

(Foto: IAC)

Mas… E o produtor rural?      

Os produtores têm a sua disposição diversas técnicas para evitar a erosão ou recuperar áreas que já se encontram devastadas, que devem ser combinadas de acordo com as condições de cada local. O primeiro passo para a escolha da melhor técnica, é conhecer o solo e os problemas que já ocorreram na propriedade. Pode-se aplicar técnicas para aumento da cobertura vegetal, para melhoria da qualidade do solo, para a condução da enxurrada, entre outras.

Assim, as pesquisas realizadas pelo IAC servem como subsídio para os técnicos na escolha do melhor método, e buscam alertar para os custos implícitos na perda de solos para a agricultura. Em 2011 foi desenvolvida uma revisão sobre os custos da erosão que indicou que o Estado de São Paulo gastaria em média US$200 milhões ao ano para repor os fertilizantes perdidos no solo arrastado pela erosão. A boa notícia é que estudos detalhados chegaram à conclusão de que esse custo pode ser reduzido em 80% se forem adotados sistemas de manejo conservacionistas, ou seja, que levam em consideração a conservação dos solos.

Dia Nacional da Conservação dos Solos e os desafios que nos cercam

Os pesquisadores do IAC frisam a importância das datas que nos recordam da importância de cuidarmos dos nossos solos.

O Dia Nacional da Conservação do Solo, bem como o Dia Mundial do Solo, são importantes eventos para nos chamar atenção para a problemática da degradação dos solos, para a importância da manutenção da qualidade do solo e do controle da erosão, mas principalmente para ajudar a difundir técnicas que podem auxiliar o produtor rural a conservar seu solo, garantindo a produção agrícola e também a qualidade ambiental.

Ainda que não haja dados mais recentes que indiquem quanto do solo em atividades agropecuárias está em degradação, estimativas feitas há cerca de cinco anos pela Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (Cdrs), da Secretaria de Agricultura, indicaram que 20% das áreas de pastagens no estado de São Paulo apresentavam estágio avançado de degradação.

Já os dados de atuações feitas pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA, também da Secretaria), indicam que cerca de 20% dos solos agrícolas estão degradados por erosão. Ou seja, ainda que com os projetos bem sucedidos realizados pela Cdrs e pela CDA no processo de recuperação dessas áreas, ainda há muito a ser feito no enfrentamento da atual realidade.

Logo, a data lembrada em 15 de abril é um passo muito importante para a conscientização da sociedade perante a importância dos solos. As instituições brasileiras, universidades e empresas, como a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, tem feito um esforço mútuo e um engajamento considerável visando o aumento da difusão do conhecimento sobre o solo, sua importância para a produção de alimentos, serviços ambientais dos solos e as inúmeras maneiras de recuperar solos degradados ou até mesmo reduzir a degradação.

Para quem quiser saber mais

Documentário Solo Fértil – ‘Kiss the Ground’

Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas –

é de poesia que estão falando”.

Manoel de Barros (1916-2014)

Para os interessados em debruçar-se no tema, nós da Amana Jornadas trazemos como dica o documentário “Solo Fértil” (“Kiss the Ground”) da Netflix, narrado pelo ator Woody Harrelson e tendo a modelo brasileira Gisele Bündchen como produtora-executiva.

O documentário faz uma denúncia da agricultura química e industrial e da pecuária de confinamento, que degradam os solos e aceleram a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e, tudo isto, agravando o fenômeno do aquecimento global. Mas o documentário apresenta uma alternativa esperançosa de uma agropecuária regenerativa, que sequestra e armazena o dióxido de carbono em vez de liberar e acumular CO2 na atmosfera.

Vamos juntos nessa missão de conscientização a respeito do nosso solo? 🙂

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA/SP)

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